terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Sobre mim, sobre você. Sobre nós e esta tela de vidro, e sobre os circuitos que nos conectam.

A tecnologia é um dos motores da impessoalidade imperante.
Nossas relações são dependentes de recursos abstratos.
Construímos ideais em universos artificiais,
em busca de atenção fria, estática, superficial.
Alimentamos o isolamento coletivo.
Trocamos sonhos por televisão.
Sorrisos e vozes por caracteres especiais e cliques.
Borboletas no estômago por janelas em messengers.
Olhares por ondas eletromagnéticas.
Há um retrocesso expressivo em andamento.
Vivemos hipnotizados por vidros brilhantes,
tal qual mariposas desviadas do curso.
Horas sem falar, ouvir, sorrir, lamentar.
Sem notar o caminhar do dia e o anoitecer.
Sem ver raios, trovões e tempestades,
ou aproveitar o sol confortável de tardes preguiçosas.
Desligando as luzes, estamos míopes e sozinhos.
Não que a tecnologia seja a vilã de nossa era.
O cuidado é para não sermos reféns de nossas criações.
Quem sabe viver um dia inteiro com eletrônicos desligados.
Dar espaço para o tédio, para o pensamento, para a busca.
Acompanhar os minutos e ver como nos sobra tempo.
Precisamos levar um choque de realidade,
tal qual esquizofrênico ao confrontar a ilusão.
Ter coragem de mostrar quem somos em carne e osso,
sem pixels, códigos binários e correções intangíveis.

Eu estou tentando, e pretendo conseguir...


publicado por Larissa Caramel em 09 de janeiro de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário